sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

Fernando Pessoa e os Mundos Esotéricos


José Manuel Anes


Edições Ésquilo



A viagem pelos Mundos Esotéricos de Pessoa é fascinante e até perturbante, mas é, ao mesmo tempo, reveladora e iniciática.

José Manuel Anes disseca, uma vez mais, estes Mundos, que já antes haviam sido analisados, por Yvette Centeno e António Quadros p.e., mas que encontram agora novas nuances e novos enquadramentos, pela descoberta de documentação outrora desconhecida.

Baseado nas fases esotéricas do Poeta, definidas pelo supra citado António Quadros, o autor vai descrevendo o deambular iniciático de Pessoa, que ficou marcado pela sua passagem pela Teosofia, pelo neo-paganismo e finalmente pelo cristianismo gnóstico.

Grande parte do livro é dedicada ao interesse do Poeta pela Maçonaria, mas antes José Manuel Anes refere um episódio marcante na vida de Pessoa, que foi a sua correspondência e depois o seu encontro com Crowley e o facto, anteriormente desconhecido, de que Pessoa pertenceu a uma Ordem Crowleyana, atestado por documento incluso no livro.

Mas foi de facto a Maçonaria e outros movimentos tradicionais, como o templarismo e o Rosicrucismo, que receberam o maior foco de atenção pela parte de Pessoa, na fase final da sua vida. Os seus profundos conhecimentos do funcionamento e dos altos graus da Maçonaria, levaram Anes e levantar a hipótese de que o Poeta podia ser responsável por uma Loja Selvagem, na qual se reuniria, provavelmente sem quaisquer paramentos ou alfaias maçónicas, com alguns amigos, entre os quais Augusto Ferreira Gomes, naturalmente.

Outras hipóteses são propostas ao longo do estudo, como sendo a de que a Ordem Templária de Portugal seria de facto um grupo de pessoas, ao qual pertencia Pessoa obviamente, que se reunia na Quinta da Regaleira, grupo ao qual o Poeta atribuiu este epíteto solene.

Após a leitura deste livro fica claro, se é que antes não o era já, que toda a obra pessoana está impregnada destes seus interesses ditos esotéricos e que, ao contrário do que afirmam os mais cépticos e os intelectuais de mente inflamada e coração frio, não se tratam de devaneios ou fingimentos do Poeta...

De facto, por muito que isto custe a alguns aceitar, grandes vultos do passado (e do presente) - já o dissemos - tiveram uma visão holística da vida e dos fenómenos, embrenhando-se em mundos internos, oclusos, experimentando o hermetismo, as ciências ocultas, tendo conseguido, dessa forma, viver vidas fascinantes e deixando obras de grande importância para a Humanidade. Vale a pena referir outros nomes ou basta Fernando Pessoa...?

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

Palavras Difíceis

...ou, como dizia o Nicolau Breyner num concurso televisivo de fraco gosto, palavras defíceis...

Quindecênviro - cada um dos quinze magistrados romanos encarregados da guarda dos livros sibilinos e da celebração de certas festas.

sábado, 19 de fevereiro de 2005

Oráculo II

Irmão Lucas,

«De onde vem apoderar-se de ti, no momento do perigo, essa perturbação que não se poderia aprovar num ser nobre, e que não traz consigo o céu nem a glória, Ó Ardjuna?»

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

A Filha da Floresta


Juliet Marillier


Bertrand



Ler este belo livro, foi como entrar por dentro de uma lenda celta, repleta de magia, amor, carvalhos, batalhas e mistério...

Sorcha é a filha da floresta, a sétima filha de um sétimo filho. Ela vive em Sevenwaters, uma casa perto de um grande lago onde vão desaguar sete riachos numa floresta da Irlanda e onde habitam as Criaturas Encantadas...

Após a ter dado à luz, Niamh a mãe de Sorcha morre e ela fica com os seus seis irmãos; Conor um aspirante a Druida, Liam já um lider, Padriac um aventureiro, Diamir e Comarck dois fervervosos guerreiros e Finbar que fala com Sorcha sem serem ouvidos.

Acho o livro com um ritmo incrível, empolgante e emocionante...

Sobre os seis irmãos caí um feitiço terrível planeado por uma terrível madrasta recém chegada a Sevenwaters que os faz transformar em cisnes, ficando apenas com a forma humana na noite do Solstício de Verão e do Solstício de Inverno. Sorcha consegue fugir da madrasta e para salvar os irmãos das suas formas selvagens terá que tecer seis camisas feitas de morugem e colocá-las no pescoço de cada cisne, até acabar a tarefa não poderá falar com ninguém...

O que Sorcha passa nas florestas e cavernas da Irlanda e depois de ser capturada pelos Bretões, isto tudo em 3 anos, é pois, um desafio enorme e terrível, para uma rapariga de apenas 16 anos...

"Mas há uma coisa de que não podes esquecer, se bem que possas esquecer tudo o resto. O bem e o mal não existem, salvo na maneira como vês o mundo. Não há trevas nem luz, salvo na tua visão. Tudo muda com um simples pestanejar, no entanto, permanece na mesma".

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2005

A História da Atlântida


Lewis Spence

Livros do Brasil



Hoje em dia existem três formas distintas de encarar a temática da Atlântida: há aqueles que acreditam na existência de uma Ilha-Continente que submergiu em tempos idos; há os que não acreditam e há os que dizem «Atlân... quê?...».

Mas, o que me parece ainda mais evidente é que os que acreditam, acreditam porque sim, e os que não acreditam, não acreditam porque não! Ou seja, os que acreditam, tais como os que não acreditam, baseiam as suas crenças no que ouviram dizer deste ou daquele. Normalmente os que acreditam, fazem-no porque estão convencidos que são de mente aberta, estão abertos aos temas da New Age, acreditam que existe uma conspiração que tenta esconder as verdades sobre os grandes mistérios da Humanidade, etc.. Os que não acreditam, estão convencidos de que já foram efectuados todos os estudos possíveis e de que nunca foram encontradas quaisquer provas que corroborassem a teoria. Assim, estão certos que a discussão já nem se coloca e acreditar em tais coisas é para os maluquinhos...

Isto tudo para dizer que são muito poucos aqueles que se debruçam, de facto, sobre a temática e se embrenham em estudos e pesquisas. Os entraves a tais estudos são muitos, pois existe pouca obra publicada sobre o tema, em forma de livro e em português, claro está.

Assim, esta História da Atlântida vem preencher um vazio em termos editoriais, uma vez que se trata de um estudo bastante bem fundamentado, realçando uma série de aspectos que, até nos mais cépticos, podem levantar questões pertinentes.

Em grossas linhas podemos dizer que o autor vai recapitulando as fontes da História Atlante, referindo, como é óbvio o incontornável Platão, transcrevendo Timeu e Crítias.

Mas, aquilo que nos parece mais importante são as invasões da Europa, referidas a páginas tantas pelo autor. A primeira efectuada pelo povo Aurignacence, por volta de 25 mil anos a.C., um povo com um sentido muito apurado de Arte e de Beleza, constatados nas pinturas rupestres que nos legaram, e que segundo o autor levaria séculos a atingir. Ora, não existem vestígios deste povo em qualquer outra parte do mundo, nem a Sul ou a Leste, onde pudessem ter vivido e onde pudessem ter evoluído, e o seu aparecimento espontâneo na Europa é, para o autor, um forte indicativo de que houve uma invasão, vinda de um continente hoje submerso. Outra invasão foi prepetrada pelo povo Azilense, este por volta de 12 mil a.C., mas cujas pinturas rupestres denotam já uma degenerescência.

Enfim, são apenas alguns aspectos, talvez menos conhecidos, que o autor desvenda ao longo das páginas de uma obra editada pela primeira vez em 1926.

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