domingo, 19 de dezembro de 2004

Código da Vinci

Não, por acaso não vamos escrever sobre este livro, que lemos lá para Maio ou Junho deste ano, até porque a opinião que temos do mesmo não é muito abonatória. Entre outras coisas, nunca percebemos porque é que o autor, ao falar de um hipotético código cifrado por Leonardo nas suas obras de arte, decidiu, no título do livro, dizer que se trata do código da cidade (Vinci) onde nasceu esta importante personalidade; na altura nem existiam telefones - apesar do Leonardo já dever andar a pensar inventar uma coisa dessas!...

Vamos sim apontar uma curiosidade, que apelidarei de Ossos do Ofício, neste caso o ofício de livreiro, que é o nosso...

Como sabem (ou calculam), muitas vezes quando um cliente quer um livro o mais certo é não se lembrar nem do nome do mesmo, nem do autor, quanto menos a editora... sabe apenas que a capa é assim para o azulado com umas letras grandes avermelhadas, não sabe tampouco o assunto, mas está muito interessado em ler o livro.

O Código da Vinci estava apenas no início do enorme sucesso que veio a ter e o nome ainda não estava na ponta da língua como hoje... Nessa altura ouvimos estas pérolas, que supostamente seriam o nome deste polémico (mas insipiente) livro:

  • O Rapto da Mona Lisa
  • O Sorriso da Gioconda
  • O Código de la Vinci
  • O Mistério da Vinci
  • O Código de Avalon
... entre outras que não tivemos oportunidade de anotar...

terça-feira, 7 de dezembro de 2004

Parabéns Rainer!


Apesar de este ser um Blog dedicado à “recensão crítica” (o que é que será que isto quer dizer?...), não podíamos deixar de assinalar o aniversário de alguém que, para além de inúmeras e inolvidáveis obras beneméritas, contribuiu com cerca de 60 livros para um panorama literário que, assim, ficou mais rico.

Como tal, desejamos um feliz 63º aniversário ao nosso bom Amigo Rainer Daehnhardt, prestando-lhe, desta forma, uma modesta homenagem.

Um enorme Bem Haja!!... e que conte muitos mais!!

domingo, 28 de novembro de 2004

Mensagens do Sanctum Celestial


Raymond Bernard


Renes – Biblioteca ROSACRUZ IX




Raymond Bernard
é, nos dias que correm, praticamente um desconhecido em Portugal. Como tal, por inúmeras razões, entre as quais o seu enorme Amor pelo nosso país, é natural que façamos, periodicamente, pequenas alusões ao seu percurso literário, conforme formos (re)lendo esta ou outra obra. Desta feita, falaremos das suas Mensagens do Sanctum Celestial.


Este livro, tal como outros do mesmo autor, nasceu de um conjunto de mensagens, em forma de fascículos, enviadas aos membros da Ordem Rosacruz – AMORC, durante os anos sessenta, quando Raymond Bernard assumia as funções de Grande Mestre desta Ordem na França e países de língua francesa, acumulando ainda a função de Legado Supremo do Imperator na Europa.


Mensagens do Sanctum Celestial
é, acima de tudo, uma importante ferramenta de trabalho, essencialmente para aqueles que se dedicam aos estudos rosacruzes, mas não só. Isto porque, apesar das indicações precisas que transmite para aceder com toda a certeza, dignidade e amor ao Santum Celestial, o livro está repleto de ensinamentos que a todos dizem respeito, estudantes rosacruzes ou não. Assim, os assuntos tratados são de interesse incontornável para todos aqueles que querem aprofundar os seus conhecimentos nos campos da Espiritualidade pragmática. Entre os mesmos poderemos destacar: A Lei do Silêncio, A Cura Espiritual, As Vidas Sucessivas ou A Lei da Compensação; assuntos que são tratados com a maior clareza e simplicidade possível, e apresentados com a eloquência reconhecida nos grandes mestres.


Todas as palavras que aqui empregarmos nunca poderão fazer justiça a esta ou a qualquer outra obra literária de Raymond Bernard, que são verdadeiros ponteiros certeiros que apontam na direcção de uma consciência mais ampla.

sexta-feira, 19 de março de 2004

515 - O Lugar do Espelho


Lima de Freitas

Hugin



«O símbolo, com efeito, permite um número indefinido de interpretações, na medida em que postula uma metalinguagem e exige um esforço constante de adequação» (Lima de Freitas).

Esta ideia, que autor vai fazendo referência e que vai aprofundando ao longo de todo o livro, é de extrema importância e será essencial retê-la, aquando da leitura desta obra impressionante - uma “obra-mestra”, nas palavras de Gilbert Durand. Isto porque, é sobre símbolo e sobre todas as suas implicações (entre outros assuntos, evidentemente) que o esquecido Pintor, Desenhador, Gravador, Ceramista e Ensaísta Lima de Freitas se debruça, ao longo das trezentas e muitas páginas deste livro.


Após a leitura, parece-nos claro que o autor se propôs a três objectivos bem definidos, aquando da execução da obra, e que foram (não necessariamente por esta ordem):


1º. Dar a conhecer a uma audiência não-portuguesa (o livro foi originalmente escrito em francês e editado pela chancela Albin Michel) os mistérios e a riqueza da Tradição Filosófica e Esotérica deste país, que autores como Guénon, Evola ou Eliade, ao fazerem referência a vários temas em que esta Tradição seria incontornável, pura e simplesmente a ignoraram.


2º. Desvelar o porquê de Dante ter usado o número 515 (e não outro) para o Messo di Dio.


3º. Enunciar algumas ocorrências deste mesmo número em vários obras, nomeadamente em pintura e escultura, perscrutando um fio condutor, um saber oculto que a todas seria comum.


Em todos estes objectivos, estamos em crer, Lima de Freitas obteve sucesso, apresentando a sua obra tal como se de uma investigação policial se tratasse. Os factos, as deduções, os raciocínios são de tal forma bem esquadrinhados que, não fosse o autor fazendo ressalvas em contrário, acreditaríamos que nada tinha ficado por averiguar ou por dizer.


Sem dúvida reveladora é a interpretação, apresentada por Lima de Freitas, dos Painéis de São Vicente de Fora, o políptico atribuído a Nuno Gonçalves, que sendo díspar da que foi outrora exposta por António Quadros, não a exclui, e ambas até se complementam. Segundo o autor, estamos em presença de mais uma representação do 515...


Outro aspecto interessante a ter em conta é o rol de conhecimentos vários que vamos absorvendo ao ler esta obra: Geometria Sagrada, Numerologia, Guematria, Pitágoras, o Veltro, Dürer, o Paracleto, Templários, Joaquim de Fiore, Vieira, enfim...


515 - O Lugar do Espelho é, por tudo isto, uma obra de enorme relevo no panorama da tradição literária-filosófico-esotérica portuguesa, tendo claramente tanto peso como algumas obras de António Quadros, Agostinho da Silva ou Fernando Pessoa. Não será nunca (!?) um sucesso editorial, mas é sem dúvida fundamental para todos aqueles que procuram os saberes tradicionais.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

Letters From Nowhere


Raymond Bernard

Circes International



Um livro bom de um homem bom! Assim se referiu a este livro o nosso Amigo Alexandre Gabriel. Concordámos, naturalmente.

Ficámos, no entanto, indecisos se havíamos, ou não, de referir esta obra no Arte de Ler. Isto porque se trata de uma obra em inglês (o original é em francês), não traduzida para o português e, ainda por cima, muito difícil (se não mesmo impossível) de encontrar nas livrarias. Mas, consultámos o site da amazon.com, e o livro pode ser aí adquirido. Aproveitámos a navegação pela internet para colocar uma crítica a esta mesma obra, no referido site, a qual passamos a transcrever, numa tradução livre.


A nosso ver, este livro encontra-se dividido em duas partes distintas. A primeira é dedicada a um Tributo, de Raymond Bernard, a Kamal Joumblat, o Grão-Mestre dos Druzos, que nos permite ter uma ideia completamente nova deste homem, assassinado à saída do seu château em Moktara, no Líbano. Ainda na primeira parte do livro, o Misticismo Rosacruz é referido, a que se acrescenta uma breve análise do filho do autor Christian Bernard, que é, presentemente, o Imperator da AMORC -, pelo próprio autor.

Na segunda parte do livro, que é maior do que a primeira, Raymond Bernard partilha as suas viagens espirituais pelos países orientais, de uma forma que é perceptível por todos. Os seus contactos com personalidades eminentes na Índia, e noutros países, como o Tibet ou Nepal, são descritos em profundidade, e tudo aquilo que a Raymond é permitido revelar, é revelado... Ao fazê-lo, Raymond permite um desenvolvimento espiritual a todos aqueles que encararem este livro com mente e coração abertos.

Claustro de Sonhos


S. Franclim

Hugin



No Livro do Esplendor, o Sepher ha-Zohar, que é um comentário à Bíblia, é dito que esta é susceptível de ser interpretada de 49 formas diferentes (Zohar, II, 130). O mesmo texto (Zohar, I, 25b) diz ainda que a Escritura apresenta 70 Sentidos. É evidente que estes são números simbólicos, sendo que o primeiro corresponde às 49 portas de misericórdia, de que o período jubilar é a imagem, podendo também remeter-nos ao Pentecostes... O 70 poderá ser uma “simplificação” do 72, outro número de cariz simbólico, naturalmente.

Esta informação, que obtivemos na obra 515 - O Lugar do Espelho de Lima de Freitas, da qual falaremos em futuro post, serve apenas para apoiar a ideia de que a nossa interpretação, dos poemas do Claustro de Sonhos de S. Franclim, é apenas uma das várias possíveis... A isto se presta a poesia!


Sabemos, por conversa com o autor, que a respectiva interpretação não está “correcta”, uma vez que não foi com esse sentido que o livro foi escrito. Mas, foi também o autor que nos disse que a achou interessante e, em certa medida, “concordou” com a mesma. E é por isto que, de seguida, a expomos.


Assim, consideramos que a poesia em Claustro de Sonhos expressa o ultrapassar do Nigredo alquímico, culminando numa Morte Simbólica e num Renascimento, após o qual o poeta nos diz que a sua alma está «sedenta de Luz». Pelo meio, o autor vai descrevendo o desenrolar do seu processo interior, em certas alturas (poucas), de uma forma leve e descontraída, mas noutras, revelando toda a profundidade desse mesmo processo, das dores e desalentos que acarreta.


Este livro denota uma maior maturidade do autor, apesar de ainda muito jovem. De facto, S. Franclim tem apenas 25 anos, mas conta já com um currículo literário considerável, com 7 livro editados. Relembramos aqui alguns: Espírito de Portugal, Os Montes da Glória ou O Último Maçon.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2004

O Sangue de Cristo e o Santo Graal


Michael Baigent, Richard Leigh & Henry Lincoln

Livros do Brasil



As opiniões acerca deste livro foram de tal forma diversas que, em certa altura, pareciam estar a referir-se a várias obras diferentes. Se por um lado, houve quem o considerasse como “a maior obra do século XX”, outros entendiam que poderia bem ser a pior... E porquê? Sem dúvida, pela controvérsia que envolve o tema central do livro.

Como os próprios autores disseram, a páginas tantas, as hipóteses de Jesus não ter morrido na cruz, de se ter casado e de ter tido filhos, não eram de todo novas, e já haviam sido avançadas muitas vezes antes da edição desta obra. Contudo, existiram uma série de conjunturas que transformaram este livro numa obra explosiva.


Primeiramente, no ano em que a primeira edição veio a lume (1982), atravessava a Europa uma altura relativamente calma, o que fez com que a polémica gerada pela edição do livro, alcançasse estatuto de notícia, nalguns casos, mesmo de primeira página.


Depois, não será menos importante o facto de que um dos autores ser um conhecido apresentador da BBC que, uma década antes, havia iniciado uma série de documentários relacionados com o mistério de Rennes-le-Château. No final do primeiro filme, o apresentador terminava com as seguintes palavras: «Algo de extraordinário está à espera de ser descoberto... e, num futuro não muito distante, sê-lo-á»...


Finalmente, a objectividade presente em toda a obra, apresentando hipóteses bastante bem fundamentadas, oferece uma grande credibilidade, o que faz com que se distancie largamente de outras obras que, versando sobre o mesmo tema, o fazem (ou fizeram) de forma leviana e irreflectida (passe a redundância).


O tema central deste livro é, então, a vida de Jesus e a sua presumível linhagem - a Linhagem Real, o Sangue Real, o Sangraal, o Santo Graal...


Jesus é apresentado como um homem com comportamentos bem humanos, um político, um Rabi descendente dos Sacerdotes do Templo de Salomão, um Padre-Rei, que ao longo de toda a sua vida sempre procurou ocupar o lugar, que era seu por direito, no Trono de Jerusalém. Presumivelmente, terá casado e tido filhos, como era esperado de qualquer homem do seu tempo e ainda mais de um Rabi.


Este conhecimento, que hoje parece quase trivial, foi durante bastante tempo uma séria ameaça ao poder de Roma e, como tal, a sua divulgação foi, a todo o custo, suprimida. Segundo os autores, ao longo do tempo, este conhecimento terá sido perpetuado, assim como a Linhagem Real.


Os Merovíngios, depois os Cátaros e os Templários, e por fim uma Ordem que terá surgido a par destes últimos, com quem “partilharam” os Grão-Mestres até ao “Corte do Ulmeiro” em 1188, e que ainda hoje perdura, denominada Prieuré de Sion, passando pelos Rosa-Cruzes e pela Maçonaria, foram os depositários deste conhecimento. Foi por esta razão (entre outras - mas talvez esta seja a principal) que todos estes movimentos, sem excepção, foram perseguidos pela Igreja de Roma.


Mas, muito para além do tema central, os autores discorrem pormenorizadamente sobre vários assuntos, como os Romances do Graal, os quadros de Poussin, a Dinastia Merovíngia, a História de França, o nosso já conhecido Bérenger Saunière, entre outros, ao longo das quinhentas e muitas páginas do livro que, ainda assim, não se torna numa obra maçuda. Pelo contrário, é de facto uma obra que não deixa ninguém indiferente, e que teve de (des)esperar 21 anos até ter a sua tradução para o português de Portugal. Contudo, não foi tempo perdido, pois esta obra está tão actual agora, como esteve no ano em que veio a lume. Como se costuma dizer nestas ocasiões, a não perder!...

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