Herói e Monge
Catolicidade e Portugalidade
António Maria M. Pinheiro Torres
Prefácio
Tal como os lanches, há livros de que se gosta muito e outros...
Bom, deste gostámos muito.
Em primeiro lugar, relata a vida de um grande herói, um homem santo, uma figura ímpar na História de Portugal: Nun'Álvares Pereira, a quem se deve a manutenção da independência do nosso País. E é, também, a partir da Batalha de Aljubarrota que se começou a entender Portugal, enquanto nação livre e com a sua identidade definitivamente enraizada no Povo.
De uma forma sucinta e coloquial, Pinheiro Torres descreve-nos os acontecimentos mais marcantes da vida do Santo Condestável, desde a sua infância, adolescência e idade adulta – altura em que assumiu funções militares da maior importância, como é do conhecimento de todos –, até à sua entrada para um convento Carmelita onde passou a professar – abdicando de todos os seus bens e, inclusive, do seu sobrenome, passando a ser conhecido apenas por Frei Nuno.
Mas, apesar de tudo o que é exposto na primeira parte do livro, que é, naturalmente, de extrema importância, é a segunda e terceira partes que queremos realçar. A segunda parte, composta de um capítulo único, remete-nos para a “Actualidade de Aljubarrota”, no sentido de que conhecer este acontecimento da nossa história é compreender melhor o que é ser-se português. E é isto – o sabermos e compreendermos o que é ser-se português – que se estende na terceira parte desta obra que, desta forma, se transforma num tratado, quase um ensaio filosófico, que apela ao patriotismo, ao conhecimento da nossa história, relembrando, de entre muitas outras realidades, que “um povo que fez o que fez tem o dever moral de continuar”…
É, então, nesta terceira e última parte que o autor nos revela as suas reflexões em torno da Identidade Portuguesa. Assim, este livro, que à partida seria apenas uma “simples” biografia, revela-se surpreendente, pela profundidade e acuidade dos pensamentos e pelo sentido de oportunidade na edição, uma vez que é uma pedrada no charco da letargia em que a maioria dos portugueses se encontra mergulhada.