sábado, 13 de junho de 2009

Comboios

O tempo que demora uma viagem de comboio tem de servir exactamente para terminar o livro que andamos a ler; nem mais, nem menos. Deve-se por isso controlar o número de páginas antes, ler até ao ponto em que sabemos restar apenas o fim de história que irá preencher o tempo de duração da viagem - sesta incluida, cabeça encostada à janela luzindo de gordura, saliva ameaçando cair a qualquer momento.
Um cálculo errado pode arruinar o prazer; se lemos demasiado rápido, corremos o risco de o livro chegar ao fim duas estações antes. O horror! O que fazer até sairmos? Olhar pela janela, quando a noite acabou de cair? Espreitar os olhos da passageira fugidia que se sentou dois lugares à frente, só para poder observar de longe o observador? Nada parece certo; acabámos de sair de um território desconhecido, o aborrecimento do dia-a-dia não pode ser uma hipótese.
Mas pior é se, ao ser anunciada a estação em que devemos sair, ainda faltarem umas quantas páginas (demais) para acabar; a pressa, o pânico, a tentação de saltar linhas, parágrafos inteiros. Não vamos lá, e depois? Em casa? Teremos de esperar até que a calma doméstica permita algum tempo para retomar o que deixámos a meio, perto, muito perto da meta? Mas não será a mesma coisa. O intervalo é fatal; enquanto percorremos o caminho de casa, as personagens esvaem-se, em sangue, literal e figurativamente, desaparecem do nosso horizonte. E quando voltamos a pegar no livro, nem elas nem nós somos os mesmos. Imperdoável.
A duração, a flexibilidade da leitura, o movimento acampanhando o ritmo das palavras. Tudo se compõe no fim, no momento imediatamente anterior a uma voz soar: próxima estação...

(Publicado antes no blogue Auto-retrato)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Anjo Branco, Anjo Negro de António Quadros


"Anjo Branco Anjo Negro"
António Quadros
Portugália, s/d.

Andava eu a "vasculhar" nas descobertas que o Amigo e Poeta João Carlos Raposo Nunes nos revela todas as semanas, e encontrei este título que desconhecia da obra de António Quadros.
Desde muito novo me fascinou a personagem de António Quadros. Desde miúdo que ouvia a minha mãe contar histórias do seu tempo estudantil no IADE e da emblemática e "paternal" imagem que AQ transmitia. Infelizmente, nunca o vi; conheci-o ainda dentro da barriga da minha mãe e, talvez aí, tenha nascido o meu fascínio pela sua Obra.
Este é um livro maravilhoso, delicioso, cativante de ler. É o percorrer do imaginário simples, metafórico, simbólico de oito contos onde vai imperando a palavra Amor.
Um dos contos que mais me marcou foi "Rosa Mística", do qual deixo um pequeno parágrafo:

"Está aqui todo o mistério do amor. Se dois seres, amando-se, forem um só, harmonizando o que neles é contrário, serão como esta árvore e criarão vida e beleza. Darão a Deus uma cadeia mais e, noutras vidas, certamente voltarão a encontrar-se. E um dia estarão eternamente juntos e serão mais do que humanos, mais do que anjos, um dia serão Deus."

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Vendas de livros online

Caríssimos Amigos,

Apesar do Arte de Ler ser um blogue de crítica literária, aproveito para partilhar convosco uma situação desagradável que se passou comigo.

Recentemente, fiz uma busca cibernáutica na esperança de encontrar um livro que está esgotado há muito tempo. Curiosamente encontrei um site de uma suposta livraria, ACVL (www.acvl.pt). Prontamente disponibilizaram, via e-mail, informação suplementar sobre os livros da mesma editora do livro que eu procurava, a entretanto extinta Hugin. De imediato efectuei uma encomenda e o respectivo pagamento via transferência bancária. No entanto, e após cerca de um mês e meio passado, com vários e-mails que enviei avisando da corrente situação, nunca me chegaram a responder nem a enviar o livro.

Como ninguém gosta de ser enganado, resolvi alertar publicamente para esta situação, na esperança que evite mais algumas burlas. O que estes tipos fazem é inadmissível e condenável.

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