Théophile Gautier
Zéfiro
Théophile Gautier é praticamente desconhecido em Portugal.
Zéfiro
Théophile Gautier é praticamente desconhecido em Portugal.
Nascido no início do Século XIX, foi amigo de Victor Hugo, Balzac, Gerard de Nerval, Alexandre Dumas, entre outros. Levou uma vida extravagante e boémia, como nos diz Luís Filipe Sarmento na sua nota introdutória, e o Petit Cenacle, grupo de intelectuais do qual fazia parte, dedicava-se, entre outras actividades, à experimentação de drogas, principalmente haxixe. Não será de estranhar, então, que a outra obra traduzida para português deste autor seja O Clube de Fumadores de Haxixe, editada pela 101 Noites.
Mas, este Romance da Múmia é uma obra em que não transparece essa vida excêntrica e extravagante. Pelo contrário, é uma obra-prima, reveladora de um cuidado extremo, de um trabalho extenuante e de um talento invulgar.
O Romance da Múmia não conta uma história, mas sim três histórias distintas, mas que se interligam.
Primeiramente, ficamos a conhecer o Lord Evandale que «era um desses jovens ingleses em tudo irrepreensíveis», que está acompanhado de Rumphius, um egiptólogo experiente, aos quais se junta Argynopoulos, um astuto grego empreiteiro de escavações que «se fizesse falta vendia novo por falta de velho». Os três realizam uma «descoberta inestimável»: um sarcófago riquíssimo, um sarcófago inviolado. Ao contrário das suas expectativas iniciais, não se trata da múmia de um homem, como seria de esperar, mas sim a de uma mulher: Tahoser. Tahoser subiu ao trono dos Faraós, governou o Egipto e sua biografia está inscrita num pergaminho que a acompanhou na sua última viagem…
Assim, a segunda história que esta obra nos conta é a de Tahoser; uma história de amor, do mais puro amor.
Bem ao estilo das obras clássicas, Tahoser é descrita como uma mulher belíssima, sem qualquer reparo, de feições e formas sublimes, e vivendo no mais absoluto luxo, rodeada de donzelas que a serviam e que satisfaziam todos os seus caprichos. Tahoser, filha do sacerdote Petamunoph, amava Poeri, um jovem israelita, e por ele cometeu os maiores despropósitos.
Contudo, o Faraó amava Tahoser. E o Faraó, habituado que estava a ter tudo aquilo que desejava, quis ter Tahoser a seu lado. Quando Tahoser finalmente conseguiu chegar ao coração de Poeri, ainda que dividindo o seu amor com Ra’hel, que o Faraó a resgatou e a obrigou a ficar a seu lado…
É nesta altura que Gautier decide (re)contar-nos outra história; a história de Mosché, isto é, de Moisés e da libertação e êxodo do povo hebreu do Egipto. Relembra-nos as peripécias que antecederam o êxodo: as águas ensanguentadas, as pragas e as mortes dos primogénitos, culminando na separação do «Mar das Algas»…
Escrita de uma forma irrepreensível, com discrições minuciosas, que revelam um estudo profundo das tradições egípcias, e com três histórias singelas e, em certa medida, absolutamente previsíveis, esta obra remete-nos para a mais pura Literatura, para o Grande Romance, em que mais importante do que contar uma história é a forma como esta é contada.
Sem dúvida, um clássico que fazia falta no nosso panorama editorial. Parabéns à Zéfiro!
Mas, este Romance da Múmia é uma obra em que não transparece essa vida excêntrica e extravagante. Pelo contrário, é uma obra-prima, reveladora de um cuidado extremo, de um trabalho extenuante e de um talento invulgar.
O Romance da Múmia não conta uma história, mas sim três histórias distintas, mas que se interligam.
Primeiramente, ficamos a conhecer o Lord Evandale que «era um desses jovens ingleses em tudo irrepreensíveis», que está acompanhado de Rumphius, um egiptólogo experiente, aos quais se junta Argynopoulos, um astuto grego empreiteiro de escavações que «se fizesse falta vendia novo por falta de velho». Os três realizam uma «descoberta inestimável»: um sarcófago riquíssimo, um sarcófago inviolado. Ao contrário das suas expectativas iniciais, não se trata da múmia de um homem, como seria de esperar, mas sim a de uma mulher: Tahoser. Tahoser subiu ao trono dos Faraós, governou o Egipto e sua biografia está inscrita num pergaminho que a acompanhou na sua última viagem…
Assim, a segunda história que esta obra nos conta é a de Tahoser; uma história de amor, do mais puro amor.
Bem ao estilo das obras clássicas, Tahoser é descrita como uma mulher belíssima, sem qualquer reparo, de feições e formas sublimes, e vivendo no mais absoluto luxo, rodeada de donzelas que a serviam e que satisfaziam todos os seus caprichos. Tahoser, filha do sacerdote Petamunoph, amava Poeri, um jovem israelita, e por ele cometeu os maiores despropósitos.
Contudo, o Faraó amava Tahoser. E o Faraó, habituado que estava a ter tudo aquilo que desejava, quis ter Tahoser a seu lado. Quando Tahoser finalmente conseguiu chegar ao coração de Poeri, ainda que dividindo o seu amor com Ra’hel, que o Faraó a resgatou e a obrigou a ficar a seu lado…
É nesta altura que Gautier decide (re)contar-nos outra história; a história de Mosché, isto é, de Moisés e da libertação e êxodo do povo hebreu do Egipto. Relembra-nos as peripécias que antecederam o êxodo: as águas ensanguentadas, as pragas e as mortes dos primogénitos, culminando na separação do «Mar das Algas»…
Escrita de uma forma irrepreensível, com discrições minuciosas, que revelam um estudo profundo das tradições egípcias, e com três histórias singelas e, em certa medida, absolutamente previsíveis, esta obra remete-nos para a mais pura Literatura, para o Grande Romance, em que mais importante do que contar uma história é a forma como esta é contada.
Sem dúvida, um clássico que fazia falta no nosso panorama editorial. Parabéns à Zéfiro!
9 comentários:
apesar do óbvio nepotismo, saúda-se o facto de alguém escrever qualquer coisinha. pena que não haja referências ao livro nos suplementos literários dos jornais.
Falar de nepotismo é claramente um exagero.
O que é certo é que, se não fosse um livro da Zéfiro, provavelmente passar-me-ia despercebido. Ainda bem que não passou, pois li-o comprazeiramente.
Por isso, os parabéns à Zéfiro; não só pelos laços de amizade, como também pelo efectivo bom trabalho.
era um chiste (não confundir com chispe), obviamente. é sempre de louvar ver um clássico editado e bem traduzido.
...E poderíamos continuar a usar expressões que obrigassem os nossos leitores a consultar o Dicionário, mas como foste de férias para Berlim - meu grande bandoleiro -, temos de ficar por aqui.
Vão-se mas é foder todos seus pseudocabrões de merda...
Ehehe, muito bom!
Amei esse livro. Li aos 15 e ate hoje sou apaixonada por ele. Um livro escrito com maestria.
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