domingo, 8 de maio de 2005

O Reino dos Céus

Acabo de chegar a casa depois de ver O Reino dos Céus...

O filme é, como não poderia deixar de ser, muitíssimo mau. Para além de não acrescentar nada ao panorama cinematográfico, pois acaba por ser uma mistura de Gladiador com Senhor dos Anéis, os erros históricos, ou melhor, a deturpação histórica é gritante. É triste verificar que alguns realizadores têm como prioridade fazer passar as suas próprias crenças, em vez de se preocuparem em retratar a História, ou pelo menos uma aproximação àquilo que poderá de facto ter-se passado.

Assim, no filme, todos são bonzinhos, o Hospitalário, um santo, o Balian, praticamente um Cristo reencarnado, o Saladino,... bom Saladino foi de facto um grande homem. Depois, temos os bispos católicos, todos uns tolinhos (onde é que já vimos isto?...) e os Templários, "uma facção extremista, que não queriam qualquer relação com os sarracenos, não queriam a paz", de acordo com o que diz Ridley Scott, no sítio oficial do filme. Muitos de nós sabemos que isto não é de todo verdade, os Templários não foram nada daquilo que é passado no filme, apesar de dentro da Ordem existirem pessoas com ideais menos elevados, como é natural acontecer. Mas o que Ridley Scott fez foi transformá-los num bando de malfeitores, que apenas queriam fazer a guerra pela guerra, só por dar jeito para um enredo... E pensar que a maioria das pessoas que vai ver o filme nunca sequer ouviu falar nesta Ordem, que teve um papel fundamental na Idade Média, e é com essa ideia que vão ficar, chega a ser angustiante.

Existe inúmera literatura que se pode consultar sobre o tema retratado no filme, e pouca ou nenhuma coincidirá com o que vemos na película, em particular em relação à Ordem do Templo. Não esperamos que a consultem, nem esperamos que aceitem a nossa palavra, mas os Templários não foram nada daquilo que o Sr. Scott engendrou para dar um argumento ao seu filme. Pelo contrário, foi sempre esta Ordem que procurou fazer a ponte com o Islão, na busca de uma Paz duradoura entre as partes que se guerreavam. Foi esta Ordem que procurou erradicar a pobreza numa Europa mergulhada na miséria. Enfim, foi esta Ordem que procurou sempre o melhor para aqueles que a integravam e para aqueles a quem servia. Isto não passa, nem de perto nem de longe, no Reino dos Céus.

Mas, sejamos honestos, até há algumas partes boas no filme. Contudo não chegam para contrabalançar com as más e as muito más. É um filme que deixa um amargo de boca difícil de fazer desaparecer. Fica a esperança de que melhores filmes (e melhores dias) virão!...

2 comentários:

mahayana disse...

Também já vi o filme.
Acho que havia muito por onde pegar, mas o que acaba por acontecer são partes boas, com frases bonitas, mas que não estão ligadas entre elas, o enredo não se percebe.
Talvez com um primeiro actor melhor o filme resultasse.
Há a referência muito má aos templários, mas numa confusão enorme. Quem, por exemplo eram os cavaleiros azuis? Templários também? Durante o filme só apanhei uma referência à existência de várias Ordens na Cruzada, mas está muito confuso, perdido, e é uma pena de facto.
Gostei até ao Liam Neelson morrer e passar o testemunho na iniciação do seu filho.
Uma confusão muito grande este filme.

Anónimo disse...

Apesar de não haverem muitas explicaçoes historicas ao longo do filme, gostei imenso. esta bem conseguido, com um enredo envolvente. obviamente os realizadores nao teem muito tempo para se alargarem em cenas que exijam muitas explicaçoes, por essa razao, acho q o filme esteve bastante razoavel, pois se qisessemos saber mais sobre aqela altura veriamos um documentario e nao um filme que segue sobretudo uma historia de uma personagem.

;)

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