João Caraça tem um currículo vastíssimo no qual se destacam as suas funções enquanto Director do Serviço de Ciência da Fundação Calouste Gulbenkian, e o facto de ser consultor, para a Ciência, do Presidente da República (que, aliás, o "desafiou" a editar este mesmo livro).
Por si só, estes predicados seriam já suficientes para nos indicar que se trataria de uma obra de grande qualidade, abordando assuntos da maior relevância. Após a leitura da mesma constatamos que é muito mais do que isso...
Trata-se de um livro com pouco mais de centena e meia de páginas, nas quais estão compiladas as crónicas escritas para o Jornal de Letras, ao longo de um par de anos. Vamos ser totalmente honestos ao dizer que existiram algumas dessas mesmas crónicas que não nos despertaram tanto interesse como outras, mas isso não quer dizer que umas e outras não tenham a mesma importância. Relembramos aqui Agostinho da Silva que, de entre muitos dos seus conceitos absolutamente libertadores, costumava dizer «que não há nada que não seja interessante, os interesses é que variam»...
Em todo o caso, aquilo que nos parece mais importante neste livro é termos ficado a saber que existe alguém com grande influência, que se move com um enorme à vontade nos meios académicos e outros, e cujas ideias revelam um conhecimento muito preciso do Mundo que nos rodeia e quais os principais problemas que o assolam. Mais do que isto, são apresentadas soluções para esses mesmos problemas, não de uma forma radical – como muitas vezes acontece –, mas de uma forma sensata, razoável e, segundo nos parece, exequível.
Talvez aqui a questão genética tenha um peso fundamental. João terá herdado de seu pai Bento de Jesus Caraça que, como sabemos, foi um grande benemérito, essa força anímica que lhe permite trabalhar a um ritmo frenético, sem nunca conhecer o cansaço...
Muito mais haveria a dizer sobre este livro e sobre o autor. Este mesmo texto, escrito noutro dia e a outra hora, teria talvez outros contornos, outras nuances. Mas isto diríamos sempre: João Caraça é um Homem Bom – e isto que traspassa pelas linhas de todo livro é, para nós, talvez mais importante do que tudo o que foi dito supra.
2 comentários:
Meu caro DeepBlue,
Gostei do seu comentário e também do que ele revela sobre os seus interesses e preocupações. Vindas de si, sei-o bem, as palavras têm um outro valor. Os genes contam muito com certeza, mas tão importante como eles foi a 'arte de ler' que me trouxe confiança nas minhas conjecturas. É preciso não parar. Um abraço amigo, jc
João Caraça tem bem o selo dos grandes homens, que é o selo da Humildade - a prová-lo está este seu comentário.
Bem haja!
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