O romance da solidão portuguesa
Francisco José Viegas
Edições Asa
Mas este intróito é praticamente desnecessário, pois desde que Longe de Manaus recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela da APE, para o ano de 2005,
Longe de Manaus é de facto uma obra que merece distinção. É um livro que sob o ponto de vista puramente técnico tem pouquíssimas falhas a assinalar, o estilo é cativante, fresco e original, e a história muito intrincada, mas excepcionalmente bem esquematizada e absolutamente irrepreensível.
O inspector Jaime Ramos, adepto do FCP, fumador de charutos, cinquentão, solteiro e homem de poucos sorrisos, é um personagem recorrente na obra de FJV, mas não é de todo necessário conhecê-lo de outros livros para a leitura deste Longe de Manaus.
Desta feita, Jaime Ramos tem para resolução um caso que se apresenta com poucas pistas para seguir e não fosse a obstinação deste inspector, provavelmente seria esquecido e arquivado. Mas Jaime Ramos é um homem obstinado, como dissemos, e a sua investigação vai levá-lo a Manaus, uma cidade remota no coração da Amazónia. Pouco se desvela nesta viagem, mas a investigação vai, pouco a pouco, revelando novas pistas e o cenário estende-se a uma tumultuosa Angola de antes da revolução de Abril e
Mas, não vamos levantar o véu sob qualquer outro aspecto da história deste policial que, como diz o autor, subverte as regras deste género; «Um romance policial, como se sabe, tem as suas regras. Este não tem», diz-nos FJV nas primeiras páginas. Diremos apenas que este livro interessará não só aos leitores de policiais, mas também aos leitores de ficção em geral. Mostra-nos que existe literatura de grande qualidade em Portugal. Longe de Manaus não sendo uma obra-prima, é um livro excelente e que satisfaz bastante; é um livro que nos faz querer ler mais FJV e que nos faz acreditar que este escritor tem ainda muito para dar…
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